Bombástico. Assim foi o show da banda Ummagumma Pink Floyd Cover em BH no último sábado. Logo na entrada já se via: filas enormes para se comprar o ingresso das três horas de prazer que deixariam a todos estarrecidos. A emoção era tão grande para mim – eu, tão pequena no meio daquela gigante plateia que encontrei ao entrar – que não dava para não imaginar o sentimento do pessoal da banda ao encontrar aquela multidão aplaudindo e gritando… Tinha chegado a hora de eles receberem os louros do reconhecimento de seu trabalho e o resultado de sua fé.
“Seguro a sua mão na minha para que juntos possamos fazer o que eu não posso fazer sozinho.” Não sei se esta é uma oração, um mantra ou se é uma citação de alguém que soube expressar o anseio e a necessidade da alma humana de unir-se aos demais para construir uma nova realidade. Sendo o que for, essas palavras expressam a essência do enorme sucesso que esta incrível orquestra de rock progressivo alcançou: trabalho em equipe. Ou seria melhor dizer trabalho em família? Pois a fé daqueles que sonharam dormindo e acordados com o sucesso da banda foi capaz de criar o que Bruno Morais – “o David Gilmore do Ummagumma”- chamou de “família Ummagumma”.
“Está mais cheio do que no show do Bob Dylan”, disse um moço que chegava no show ao mesmo tempo que eu e da mesma forma se assombrou com a extensão da platéia, que lotava os quase 5000 lugares disponíveis no Chevrolet Hall. Ao telefone, alguém falou “… estou no show da melhor banda cover de Pink Floyd do Brasil! Eles são os melhores, porque tocam também o lado B.” “Lado B”, para quem não sabe, é uma expressão que está diretamente associada aos discos de vinil e traduz uma coletânia de canções diferenciadas, autênticas e alternativas. O seu sentido se constrói em oposição ao lado A, que historicamente continha opções mais comerciais.
Tanto eles tocam o lado B, que foi preparado um set list especial para este show, incluindo canções que nunca haviam sido interpretadas pela banda, como: “Welcome to the Machine”, do álbum “Wish you were here”; “See Emily Play” do single homônimo; “Summer ‘68”, do disco “Atom Heart Mother”; “The gunner’s dream”, do álbum “Final Cut” e “Sorrow” de “A momentary lapse of reason”. No entanto, clássicas como “Another Brick in the Wall, part II”, “Echoes”, “Dogs” e “Comfortably Numb” não foram deixadas de fora.
Agora vou lhes contar sobre aqueles momentos ‘frio na barriga dos fans’ (e da banda também, penso eu). Na abertura, com “Shine on you crazy diamond” o público delirou e o êxtase foi geral. Em “Mother”, Bruno deixou que a platéia cantasse sozinha e ela o faz com maestria, pronunciando cada palavra e vibrando muito. Isabela Morais, irmã de Bruno, e uma das backing vocals, brilhou mais uma vez com a performance do solo de voz de “The Great Gig in the Sky”, ao mesmo tempo poderosa e suave, fazendo arrepiar até o último fio de cabelo. Pude sentir que o show alcançava o seu clímax na esperada “Wish you were here”, quando Bruno acendeu um isqueiro no palco e via-se luzes por todos os lados, formadas por isqueiros e visores de celulares; causando um efeito digno de um show de gente grande.
E foi isso mesmo que eles mostraram ser ao se apresentarem com tanto profissionalismo e não se deixarem abalar pela responsabilidade que é ostentar um público tão grande (e exigente, diga-se de passagem). Em vez disso, eles demostraram vontade de superação e desejo de manter em alto nível a qualidade de seu show para satisfazer a expectativa que merece esse pessoal que tão fielmente os vêm seguindo.
Que o Ummagumma se apresenta em BH desde 2002 e que o público de lá é fiel, eu já sabia. Há exatamente um ano, os caras gloriosamente se apresentaram no grande teatro do Palácio da Artes; e foi lá que eles gravaram o seu primeiro DVD (à venda na Opsom e na Revistaria do Ézio, em Três Pontas e na Point Rock (Galeria Praça 7) em BH). Porém, no último sábado eu senti que havia energia nova no ar… Algo que poderia vir a inaugurar uma nova etapa para o grupo nesses 10 anos de estrada. Intuição feminina? Você poderia me perguntar… Ao que lhe respondo: evidências concretas; pois o sucesso do qual pude humildemente fazer parte é árvore frondosa saída de semente coletivamente plantada e irrigada! Não poderia ser mais merecido. Parabéns, galera do Ummagumma Pink Floyd Cover! O show de vocês foi um arraso completo!
“Sinceramente, foi melhor que a minha expectativa, esperava um show, acabei vendo um espetáculo…”, comentou Felipe Lopes, um dos muitos fans do Ummagumma que fizeram questão de se manifestar na fan page do grupo no facebook e deixar registrado o seu agradecimento por horas inesquecivelmente bem vividas. Junto com esse pessoal, estou eu, que tive a sorte de estar lá no maior e melhor show que o Ummagumma PFC fez até hoje. Satisfeitos e extasiados, quisemos nós também, deixar a nossa marca.